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ARTIGO ORIGINAL

Cirurgia de revascularização no infarto agudo do miocárdio

Luiz Antônio Castilho Teno; Oswaldo Teno Castilho; Antônio Carlos Menardi; Calil Jorge Racy; Eduardo Paranhos Cozac; Clemente Greguolo; José Luís Attab dos Santos; Luiz Eduardo Amaral Muniz; Newton Pedro de Camargo; Olavo de Carvalho Freitas; Luiz Albanez Netto; Humberto Jorge Isaac; Aylton M. Castilho Teno Zanardi; Cássio Simoni Lucato; Marcelo Garcia Leal

DOI: 10.1590/S0102-76381990000100002

RESUMO

O tratamento do infarto agudo do miocárdio conta, hoje, com um leque de opções terapêuticas, sempre com o objetivo de reduzir o dano ao ventrículo esquerdo, Dentre as possibilidades, a revascularização cirúrgica encontra seu lugar, ligado, principalmente, à reperfusão após trombolíticos e às complicações da angioplastia. No Instituto do Coração da Santa Casa de Ribeirão Preto, no período de julho/87 a julho/89, foram realizadas 262 cirurgias de revascularização do miocárdio, sendo 23 (8,7%) na fase aguda do infarto. Destes, 19 eram homens e quatro mulheres, com idade entre 42 e 75 anos, média de 58,5. A indicação cirúrgica compreendeu: persistência da dor em 15 (65%) ocasiões, artéria reaberta após trombolítico em cinco (22%), artéria reaberta espontaneamente em dois (9%) e comprometimento multiarterial em um (4%). Os fatores associados à precocidade do procedimento cirúrgico foram: ATP complicada com espasmo e oclusão arterial em oito pacientes, uso prévio de trombolítico em sete, ATP sem sucesso em quatro, arritmia cardíaca em dois e choque cardiogênico em um. A localização do IAM ao ECG foi de parede anterior em 14 (60,8%) casos e parede inferior em nove (39,2%). Em 18 (78,4%) havia presença de onda Q e, nos restantes, ausência. A dosagem de enzimas (CKMB) variou de 15 a 104 U, média 58,7 U. A cineventriculografia demonstrou lesão isolada da artéria do IAM em nove (39,1%) pacientes, lesão da artéria do IAM + lesão de outras artérias em oito (34,7%), lesão da artéria do IAM + infarto prévio de outra área em três (13%) e obstrução total da artéria do IAM + lesão de outras artérias em três (13%) casos. O período de tempo entre o início da dor e a cirurgia variou de duas horas a duas semanas, média 4,6 dias. O número de pontes, mamária ou safena, por paciente foi, em média, de 1,7, A proteção miocárdica foi realizada com hipotermia leve e solução cardioplégica cristalóide. A anoxia miocárdica variou de 14 a 50 minutos (M = 16,3 minutos). As condições hemodinâmicas após a saída de perfusão foram boas, exceto em três pacientes que apresentaram baixo débito, sendo necessária intervenção da circulação assistida por um período maior, associada a drogas inotrópicas. Quanto à evolução pós-operatória, 10 (43,4%) pacientes apresentaram algum tipo de complicação, três (13%) pacientes foram a óbito, sendo um relacionado a causa cardíaca, síndrome de baixo débito e os outros dois, a complicações neurológica e pulmonar. A abordagem cirúrgica na fase aguda do infarto do miocárdio vem aumentando. Na mesma proporção, há um incremento de morbidade e mortalidade da cirurgia de revascularização. A escolha do paciente a ser operado nesta fase é fundamental e os cuidados no pós-operatório devem ser redobrados.

ABSTRACT

In acute myocardial infarction there are several treatments that try to reduce the dammage of left ventricle. The surgical treatment is one of the more important procedures after the use of thrombolitics and the complications of PCA. From July 87 to July 89, in the Instituto do Coração da Santa Casa de Ribeirão Preto, 262 myocardial revascularization surgeries were performed and 23 (8.7%) of those surgeries were during acute myocardial infarction. The patients included 19 males and 4 females. The range of age was 42 to 75 (mean: 58 yeats). The surgery was indicated for: pain, 15 (65%) cases: coronary opened by thrombolitics, 5 (22%); coronary expontaneous opened, 2 (9%) cases, and multiarterial coronary disease, 1 (4%) case. There were some factors associated with the surgery in the acute myocardial infarction: complicated TPA, 8 cases; previous use of thrombolitics, 7 cases; unsuccessful TPA, 4 cases; cardiac arrhythmia, 2 cases, and cardiogenic shock, 1 case. The localizations of the AMI were: antero wall, 14 (60.8%); posterior wall, 9 (39.2%) cases. The dammage of the myocardial wall was: transmural, 18 (78.2%) cases; subendocardial, 4 (17.3) cases, and unknown, 1 (4.3%). The range of CKMB was 15 U to 104 U (mean: 58.7 U). The left ventricle was normal in 5 cases and the other cases had variable degrees of hypocontractility. The coronary artery involved was: only lesions of the related AMI-coronary, 9 (39.1%) cases; lesion of the AMI coronary associated with lesions of other arteries, 8 (34.7%) cases; lesion of the AMI artery associated with previous myocardial infarction, 3 (13%) cases, and occluded AMI coronary associated with lesions of other arteries, 3 (13%) cases. The time of AMI surgery was 2 hours to 2 weeks (mean: 4.6 days). The relation bypass/patient was 1.7. The myocardial protection was made with discret hypothermia and crystaloid cardioplegic solution. The myocardial anoxia ranges 14 minutes to 50 minutes (mean: 16.3 minutes). The hemodynamic conditions were stable in all but 3 cases that needed inotropic drugs and longer time of assisted circulation. The postoperative follow-up shows complications in 10 (43.4%) and 3 (13%) deaths. The deaths were related with cardiac, pulmonary and neurological causes. The surgical approach in the AMI is growing up, despite os the increment of the mortality and postoperative complications. Selection of patients for operation during AMI must be individualized.
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