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MULTIMÍDIA

Opção técnica para o redirecionamento de fluxo na conexão anômala parcial de veias pulmonares

Ulisses Alexandre CrotiI; Domingo M BraileI; Adriana Érica YamamotoI; Renata Geron FinotiI

DOI: 10.1590/S0102-76382009000100018


CARACTERIZAÇÃO DO PACIENTE

Criança com cinco anos, 14,9 kg, sexo feminino, natural de Guararapes, SP. Desde o nascimento com diagnóstico de comunicação interatrial (CIA), sendo acompanhada no Serviço de origem, permanecendo assintomática e sem medicações.

Encaminhada para tratamento cirúrgico, o ecocardiograma transtorácico pré-operatório confirmou CIA ostium secundum de 4,7 mm, CIA seio venoso superior de 6,2 mm e veia pulmonar superior direita (VPSD) conectada à veia cava superior (VCS), caracterizando conexão anômala parcial de veias pulmonares. Havia moderada repercussão hemodinâmica e a relação entre os fluxos pulmonar e sistêmico era de 2,4:1.

A operação visou ao redirecionamento de fluxo da VPSD para o átrio esquerdo (AE), com abertura lateral do átrio direito (AD) e VCS imediatamente anterior à VPSD, evitando lesão do nó sinusal. Realizados ressecção do septo interatrial para ampliação da CIA seio venoso e implante de grande placa de pericárdio bovino (PPB) separando as estruturas esquerdas e direitas. Em seguida, procedeu-se à ampliação da VCS e AD com uma segunda PPB prevenindo estenose da VCS [1-3]. O tempo de circulação extracorpórea foi de 48 minutos e isquemia miocárdica de 32 minutos a 32ºC.


DESCRIÇÃO DA TÉCNICA EMPREGADA

Incisão da pele, abertura do tecido subcutâneo e toracotomia mediana transesternal com serra elétrica. Mediastino anterior com exposição do timo, saco pericárdico, pleuras viscerais e pulmões em movimento. Saco pericárdico aberto, observação da anatomia cardíaca externa. Tração do AD e análise da posição do nó sinusal, da VCS e VPSD. Análise da relação entre as veias após a dissecção da região, com a VPSD conectando-se posteriormente à junção da VCS com o AD.

Confecção de sutura em bolsa na aorta com polipropileno 5-0, na VCS próximo à veia inominada e veia cava inferior com fios de polidioxanona 6-0. Passagem de fio de algodão ao redor da VCS, posicionando-o abaixo da veia ázigos para não haver fluxo sanguíneo durante a correção intracardíaca. Da mesma forma, na veia cava inferior passado fio de algodão para torniquete.

Punção do AD e administração direta de heparina sódica na dose de 5mg/kg.

Posicionamento das cânulas em aorta e veias cavas imediatamente antes do início da circulação extracorpórea (CEC). Tração do AD demonstrando a relação entre o local de inserção da cânula na VCS e a VPSD conectada anomalamente.

Em CEC, administrada solução cardioplégica sanguínea, anterógrada e hipotérmica. As cavidades intracardíacas aspiradas por pequeno orifício no AD, no mesmo local onde foi administrada heparina.

Abertura do AD em direção à parede lateral da VCS, passando anterior e paralelo à VPSD, logo evitando lesão do nó sinusal. Tração do AD aberto com incisão única e análise dos defeitos intracardíacos. A pinça indica a CIA ostium secundum pequena, a CIA seio venoso superior pequena, a VPSD anômala e a veia ázigos.

Excisão das porções do septo interatrial, limbo e lâmina da fossa oval, com consequente ampliação dos orifícios das comunicações interatriais e a relação com a VPSD, veia ázigos e VCS.

Adequação do tamanho da PPB, ovalada, e início da sutura entre a VCS, abaixo da veia ázigos, e a VPSD com fio de polipropileno 5-0, posicionando o fluxo desta para as cavidades esquerdas. A sutura utiliza a borda da incisão, com distância confortável da VPSD, objetivando evitar estenose tardia. Após a região da VPSD, a sutura caminha junto à borda septal lateral ressecada. Na borda medial da sutura, atenção foi dada para não haver lesão do nó sinusal, com pontos superficiais, os quais seguem pela borda medial do tecido ressecado. Ao final do implante da PPB, sangue surge do AE após solicitação ao anestesista para inflar os pulmões, como parte das manobras para retirada de ar das cavidades esquerdas.

Aspecto final da PPB, muito ampla, evitando restrição ao fluxo de sangue das veias pulmonares ao AE. A pinça indica a veia ázigos.

Com uma segunda PPB foi iniciada a ampliação da VCS e fechamento do AD utilizando fio de polipropileno 6-0. A sutura inicia-se no ângulo superior da VCS, fazendo um sanduíche da primeira placa utilizada para separar os átrios e caminhando em direção ao AD. Da mesma forma na borda superior. Concluída a correção, em CEC, com orifício na aorta sangrando para retirada de ar.

Após a CEC, AD tracionado demonstrando aspecto externo da placa de pericárdio bovino que ampliou a VCS e o AD.


REFERÊNCIAS

1. Duncan BW. Sinus venosus atrial septal defect: repair with an intra-superior vena cava baflle. Oper Tech Thorac Cardiovasc Surg. 2006;11(1):33-44.

2. Nakahira A, Yagihara T, Kagisaki K, Hagino I, Ishizaka T, Koh M, et al. Partial anomalous pulmonary venous connection to the superior vena cava. Ann Thorac Surg. 2006;82(3):978-82. [MedLine]

3. Alsoufi B, Cai S, Van Arsdell GS, Williams WG, Caldarone CA, Coles JG. Outcomes after surgical treatment of children with partial anomalous pulmonary venous connection. Ann Thorac Surg. 2007;84(6):2020-6.

CONFLITO DE INTERESSES: Declaro haver conflito de interesse, pois a empresa Braile Biomédica® forneceu o material e realizou a filmagem da operação apresentando seus produtos.

Article receive on segunda-feira, 2 de março de 2009

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