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EDITORIAL

Ich Weiss Nicht Was Soll Es Bedeuten: Em Medicina, o idioma importa

Editores do PLoS Medicine

DOI: 10.1590/S0102-76382006000100003

Para melhor ou pior, o inglês (com muitas de suas palavras originadas do Latim e outras línguas) é, atualmente, a língua franca na Medicina e Ciências da vida. É quase impossível ser um médico de sucesso ou um cientista de Ciências da vida sem conhecimento básico para ler e comunicar-se em inglês. Há, entretanto, muitos outros consumidores potenciais de resultados de pesquisas médicas e científicas - profissionais da saúde, educadores e público em geral - para quem proficiência em Inglês é um luxo que apenas alguns têm condições de pagar. Além disso, os resultados de pesquisas importantes são publicados em outros idiomas além do inglês. E enquanto muitos cientistas que têm o inglês como a língua-mãe estão satisfeitos em ignorar tais publicações, apesar dos efeitos adversos potenciais da ignorância, para alguns tipos de pesquisa - por exemplo, revisões sistemáticas - as conseqüências de restringir a busca para títulos ou palavras-chaves em inglês frustram o propósito de produzir um sumário compreensivo da informação existente.

A boa notícia é que as barreiras da linguagem, provavelmente, se tornarão menores no futuro, uma vez que a tradução por computador (isto é, software que traduz) está ficando melhor. Longe ainda de produzir uma prosa elegante, até os serviços básicos acessíveis gratuitamente hoje na Internet (ver Texto S1 para alguns exemplos) são úteis. Na maioria dos casos, eles são capazes de produzir uma versão traduzida de um abstract que dá o sentido básico do que se trata o artigo. Como tal, estes serviços de tradução básica podem ajudar o leitor a decidir se investe no esforço para obter uma tradução melhor.

Pacotes especializados de tradução podem ser um pouco melhores. Um exemplo relevante para conteúdo médico é o sistema de tradução da Pan American Health Organization (PAHO) - Organização Pan Americana de Saúde - (http: //www.paho.org/English/AM/GSP/TR/Machine_Trans.htm), um sistema desenvolvido pela PAHO que traduz entre Português, Espanhol e Inglês (http://www.icml9.org/program/track3/public/documents/Julia%20Aymerich-174140.pdf). O sistema tem sido usado e aperfeiçoado diariamente desde 1980 para produzir traduções brutas, as quais são subseqüentemente editadas por tradutores humanos até atingir o padrão requerido para cada finalidade. A PAHO licenciou o sistema para 84 outros usuários, inclusive ministérios da saúde, instituições educacionais e tradutores autônomos. Um dos usuários é um hospital no Panamá, que recebe diariamente manchetes da área da saúde em inglês, as quais são traduzidas pelo computador e as traduções brutas são analisadas pelos médicos, que decidem rapidamente quais os artigos que lhes são interessantes.

Em poucos anos, estes e outros produtos (incluindo alguns da comunidade de pesquisa-aberta) poderão evoluir tanto que qualquer pessoa alfabetizada em uma linguagem poderá encontrar e ler um texto na Internet em qualquer outro idioma - se ele estiver disponível livremente para acesso e tradução.

Porém, o que poderemos fazer para superarmos as barreiras da linguagem nesse ínterim? Da mesma forma, o conteúdo de outros jornais com acesso livre, artigos publicados nos jornais PLoS podem ser traduzidos sem a necessidade de pedir permissão, e as versões traduzidas podem ser impressas, exibidas na Internet, distribuídas gratuitamente ou vendidas. Nós incentivamos traduções e outros usos criativos que são permitidos de acordo com nossa licença de acesso livre. Por exemplo, nós tivemos grande prazer em ver uma versão de um artigo sobre disparidades na saúde na Itália, reimpresso em italiano, na revista italiana Modus Vivendi (Texto S2). Algumas traduções do conteúdo PLoS foram iniciadas pelos autores; outras por terceiros interessados em expandir o público para um artigo específico. Estamos felizes de qualquer forma; a única coisa que nós pedimos é que os autores recebam os créditos e que o artigo PLoS seja citado como a fonte do material traduzido.

Um outro recurso foi induzido pela questão de uma estudante universitária brasileira, no recente International Seminar on Open Access for Developing Countries (http://www.icml9.org/meetings/openaccess/). Ela perguntou por que revistas internacionais não permitem que as pessoas publiquem seus artigos em ambos idiomas, em inglês e na língua nativa do autor. Como resposta, as revistas PLoS agora incentivam autores que são fluentes em outras línguas que não o inglês a providenciarem traduções de seus abstracts ou artigos completos, como Informações Subsidiárias. O artigo publicado recentemente por Ieraci e Herrera (DOI: 10.1371/journal.pmed.0030101), por exemplo, inclui versões do abstract em espanhol e italiano.

Esperamos que muitos autores venham providenciar tais traduções e que isto permita às pessoas que investiguem em outras línguas, além do inglês, encontrar o conteúdo com acesso aberto. Esperamos também que, ao menos, isto alivie em parte um dilema que autores de países de línguas não inglesas enfrentam. Se eles publicarem em inglês, em uma revista internacional, membros de suas comunidades poderão não ser capazes de ler o artigo (mesmo que eles tenham acesso à revista). Ao contrário, se eles publicarem em sua língua nativa, em uma revista local, a comunidade internacional provavelmente permanecerá ignorante quanto aos seus achados, e suas contribuições poderiam ser julgadas como menos importante pelos comitês de apoio e fomento à pesquisa.

As barreiras estão intimidando, mas com sua ajuda, poderemos progredir e ultrapassá-las.

Informações Subsidiárias

Texto S1. List of Free Online Translation Software

Encontrado em DOI: 10.1371/journal.pmed.0030122.st001 (24 KB DOC).

Texto S2. An Italian Translation of Bonati and Campi's Policy Forum

(DOI: 10.1371/journal.pmed.0020250)

Encontrado em DOI: 10.1371/journal.pmed.0030122.st002 (1.2 MB PDF).

Citação: The PLoS Medicine Editors (2006) Ich weiss nicht was soll es bedeuten: Language matters in medicine. PLoS Med 3(2):e122.

Copyright: © 2006. The PLoS Medicine Editors. Este é um artigo de acesso-aberto distribuído de acordo com os termos da Creative Commons Attribution License, a qual permite uso irrestrito, distribuição e reprodução em qualquer meio, desde que o autor original e a pesquisa recebem os créditos.

E-mail: medicine_editors@plos.org

DOI: 10.1371/journal.pmed.0030122
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